Fala aluno: "Hematologia e Biodiversidade"
- Coordenação Medicina Veterinária Leme
- 7 de mar. de 2021
- 3 min de leitura

Criado por: Weidy R. Alves da Silva
Discente do curso de Medicina Veterinária
Dentre os múltiplos desafios do Médico Veterinário, a diversidade de espécies existentes, representa um fator a ser considerado. Ao longo dos anos, o número de animais considerados exóticos tem aumentado, e com isso a necessidade de especialistas que consigam atender esses animais se faz presente. Diante desse contexto, a importância de exames hematológicos, para a realização de diagnósticos se torna cada dia mais necessária.
Com os avanços tecnológicos na rotina dos laboratórios, a análise para diagnóstico de cães e gatos conseguiu atingir parâmetros satisfatórios de segurança e agilidade, o que muitas vezes não acontece quando se trata de outras espécies.
Dentre os fatores que dificultam a análise laboratorial de animais exóticos, tem-se diferenças fenotípicas e características hematológicas. Além disso, parâmetros de referência em determinados exames representam certo problema na interpretação de um hemograma. Por vezes, valores que possuem uma amplitude de variação significativa, estabelecidos em função de determinada espécie, população, fatores genéticos, dentre outros, trazem certa dificuldade na hora da realização de um determinado diagnóstico. Os valores também podem variar dependendo do laboratório onde são processadas as amostras, da técnica empregada, bem como do procedimento de colheita. (AMADOR, 2019).
Outra dificuldade citada por Amador é a quantidade de volume sanguíneo, a qual nem sempre é suficiente para realização de determinados exames, visto que independente da espécie, o esfregaço sanguíneo é indispensável na análise hematológica. As hemácias são anucleadas, arredondas e relativamente bicôncavas na maioria dos mamíferos, exceto na família Camellidae que assim como nas aves e répteis se apresentam ovais (THRALL, 2015, p.52).

Figura 1: Esfregaço Sanguíneo de um Chelonoidis Carbonaria, corado por técnica estabelecida por Romanowsky, observado em aumento de 100x

Figura 2: Esfregaço Sanguíneo de Canis lupus familiaris macho de 8 meses. corado por técnica estabelecida por Romanowsky, observado em aumento de 100x As hemácias são células altamente especializadas, ricas em hemoglobina, que transportam os gases respiratórios (oxigênio e gás carbônico). A hemoglobina é uma proteína básica e um componente essencial para que os gases respiratórios sejam transportados, (BEU et al., 2017). Mesmo com essas diferenças morfológicas a função de transporte de hemoglobina é a mesma, independente da biodiverdade de espécies. Thrall (2015) acrescenta que as diferenças incluem tamanho, forma, grau de palidez central, presença de pontilhados basofílicos e de reticulócitos na resposta regenerativa à anemia.
Deste modo, para uma avaliação correta, é necessário preparar adequadamente o esfregaço sanguíneo, e durante esse procedimento, encontra-se certas distinções entre animais exóticos e mamíferos convencionais. De acordo com Vila (2013) a principal diferença está presente nos eritrócitos e os trombócitos nucleados, os quais podem interferir na contagem automatizada.
Além disso, o principal leucócito nas aves, por exemplo, é o heterófilo, equivalente ao neutrófilo dos mamíferos. Deste modo, as contagens automáticas de rotina, realizadas em mamíferos não são aplicáveis em diversos animais exóticos, silvestres e selvagens, sendo indicadas técnicas manuais. Portanto, para se trabalhar com animais exóticos, é necessário compreender suas peculiaridades e assim, encontrar técnicas específicas para determinados diagnósticos.
Referencias
AMADOR. Pablo Zotti Amador. Perfil hematológico de psitacídeos exóticos. Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia (IFC), SC, Brasil. 2019. Disponível: file:///C:/Users/weidy/Downloads/1950-Texto%20do%20artigo-6231-1-10-20210126.pdf 01 de Março de 2021.
BEU, C.C.L.; GUEDES, N.L.K.O; DE QUADROS, Â.A.G. Tecido conjuntivo, 2017. Disponível: http://projetos.unioeste.br/projetos/microscopio/index.php?option=com_phocagallery&view=category&id=42&Itemid=87 01 de Março de 2021
THRALL, M.A., et al. Hematologia e Bioquímica Clínica veterinária. 2nd. ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2015.
VILA L.G. Hematologia em aves: revisão de literatura. [Monografia online]. Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, 2013. Disponível: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/67/o/2013_Laura_Garcia_Seminario1corrig.pdf 1 de Março de 2021.
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